quarta-feira, 16 de junho de 2010

Mais Psicose


O meio século de Psicose merece mais comentários. O roteiro saiu do romance Psycho, de Robert Bloch, que, por sua vez, foi inspirado no caso real do necrófilo canibal Edward Theodore Gein, ou Ed Gein. Essa é a mesma história que anos mais tarde gerou os sanguinolentos Massacre da Serra Elétrica e Silêncio dos Inocentes. Em 1959, Hitchcock comprou os direitos sobre o livro e retirou todos os exemplares de circulação, para garantir que ninguém saberia o final.

Numa entrevista, o diretor chegou a reclamar: "Meus filmes passam de fracassos a obras-primas, sem chegar a ser sucessos". O próprio Psicose foi espinafrado pela crítica, mas foi uma excessão do ponto de vista financeiro. Só no primeiro ano faturou US$ 15 milhões. Ciente que possuía nas mãos uma mina de ouro, em 1962 ele vendeu seus direitos à agência MCA, em troca se tornaria acionista majoritário do estúdio Universal. A partir daí enriqueceu de verdade.


Se por um lado o filme trouxe dinheiro e mais prestígio, por outro, foi também sua ruína. Na ânsia de se superar, Hitchcock jamais conseguiu chegar próximo do êxito de Psicose. Seus filmes seguintes, Os pássaros, Marnie, Cortina Rasgada, Topázio, Frenezi e Trama Macabra, apesar de ter bons momentos não repetiram o mesmo brilho e originalidade. De fracasso em fracasso o diretor foi perdendo espaço no estúdio. Com 70 e poucos anos, Hitchcock se viu trabalhando numa pequena sala, com uma secretária, simulando escrever roteiros que nunca seriam filmados.

terça-feira, 15 de junho de 2010

50 anos de Psicose


“Não aprovo a atual onda de violência no cinema”, disse certa vez Alfred Hitchcock. “Sempre achei que o crime devia ser tratado com delicadeza. E que, com a ajuda da televisão, deveria ser levado para dentro do lar, que é o lugar dele. Alguns dos crimes mais lindos foram domésticos – realizados com ternura, em lugares simples e acolhedores como a mesa da cozinha ou o banheiro”.

No filme Suspeita (1942), Hitchcock coloca na boca de Cary Grant outra recomendação, “Se tiver que matar alguém, faça isso com simplicidade”. O diretor seguiu este conselho a risca em 53 filmes, mas não há dúvida que seu melhor momento tenha sido em Psicose. Antes de conhecer Norman Bates, ninguém sentia medo de uma chuveirada. Depois dele, nunca mais foi seguro tomar um simples banho.



Amanhã, dia 16, Psicose chega, enxutérrimo, aos 50 anos, como um dos filmes mais memoráveis da história do cinema e a obra-prima definitiva do mestre do suspense.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Afiando as garras


A Piauí desse mês vem com uma matéria de arrepiar sobre Michel Temer, o vice de Dilma Rousseff na campanha à presidência. Sua excelência faz por merecer a alcunha dada por Antonio Carlos Magalhães, "mordomo de filme de terror".

Um dos melhores postos da República é o de vice-Presidente. É ele que o PMDB quer ocupar a partir do ano que vem. Pela legislação eleitoral, o tempo nos programas de campanha na televisão e no rádio é dividido segundo o tamanho das bancadas partidárias. E, mesmo tendo direito à maior fatia da propaganda eleitoral, o PMDB decidiu não disputar diretamente o Planalto. Preferiu que o presidente da sigla, Michel Temer, fosse o candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff.

Nem Lula nem Dilma queriam Temer. Consideram-no ardiloso e voraz em demasia quando reivindica posições para o partido, e uma nulidade em termos eleitorais. Para agradar o patronato, Lula convenceu Henrique Meirelles, que é filiado ao PMDB, a continuar presidente do Banco Central, até que a possibilidade de ser vice se tornasse palatável ao partido. O PMDB não se entusiasmou. O presidente tentou também que o PMDB lhe oferecesse uma lista de três nomes, dos quais ele selecionaria um para vice. Temer não topou.


Via Desculpe a Poeira.