
Ótima essa matéria da Piauí mostrando todo o esforço do repórter Paulo Nogueira para extrair, tal qual um siso, algumas respostas atravessadas do escritor James Ellroy, um dos mais mal humorados autores da língua inglesa. Segue o trecho:
Já na presença do grande homem, o jornalista intuiu que o prazer do encontro não era mútuo. Como um gato antes da ração diária, o ficcionista exalava crispações por todos os poros. Diplomático, o entrevistador deixou claro que não havia ali um iconoclasta, mas um idólatra: "Sou um grande fã. É uma honra conhecê-lo", salmodiou. O autor reagiu como se o interlocutor tivesse comentado que estava chovendo ou que eram três da tarde. O jornalista então ligou o gravador, que Ellroy olhou como se contemplasse alguma substância produzida nos intestinos.
Para desanuviar, o entrevistador julgou aconselhável começar com uma amena nota biográfica. "Sei que há muito tempo o senhor trabalhou como caddy." O escritor grunhiu:
- Sim.
Bem, adiante. "Aprendeu a jogar golfe? Aprecia algum esporte?"
- Não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário